quinta-feira, 12 de abril de 2012

Educação Inclusiva... e não deveria ser?

Um dos trabalhos do Espaço Pipa é oferecer apoio às escolas e aos professores que tem uma pessoa com Síndrome de Down matriculada.

As orientações iniciais são: olhe para a criança como criança e não como a Síndrome em si, mude seu olhar e observe as necessidades da criança, se ela não aprender tente mudar o seu ensinar, procure o potencial e não a limitação. Ora, isso não deveria valer para TODAS as crianças?

Esse texto de Tião Rocha deixa claro que educação é educação "e ponto final":

"Recebi da amiga Inês Inxs uma pergunta:
- como (e se) trabalha a educação inclusiva?
Esta não é uma pergunta, é uma provocação e das boas, Inês?...rsrsrsrsr

O que penso e acredito:

- Educação é um fim ( e não um meio), portanto, é um substantivo que não precisa de adjetivação de qualquer natureza para existir, exemplo, educação inclusiva, de qualidade, etc.

- Educação só existe (e teima existir) no plural e tem que gerar aprendizagem. Não existe educação no singular, portanto, ser inclusiva faz parte integrante de todo e qualquer processo de aprendizagem que denominamos "educação".

- Uma escola que educa, não exclui nem inclui, pois não perde ninguém e produz aprendizagem para todos, sem exceção.

- Mas uma escola que exclui, não educa, seleciona; e uma escola que seleciona, também não educa, classifica. E nós não viemos a este mundo para ser "classificados", nem a vida pode ser reduzida a um catálogo de "páginas amarelas".

- E quando uma escola se diz inclusiva porque aceita pessoas portadoras de alguma deficiência, também não educa, mas discrimina porque faz do "outro" um desigual e não o que somos e nos determina, somos todos diferentes. E diferença é riqueza, pois produz diversidade, e não defeito ou anomalia.

- Limitados somos todos nós, os humanos, seja física e/ou mentalmente, pelo simples fato de sermos humanos e não deuses. E isto não é defeito, mas razão para aprender mais e se tornar completo, e nunca perfeito.
Perfeição é coisa do andar superior, tá no âmbito do divino. No térreo, onde nascemos, vivemos para nos completar e, para isso, temos o tempo de nossa estadia no térreo para aprender. E se aprende é com o outro, na troca, na complementaridade, no plural.

- A escola é que é um dos meios, nem o único e nem, obrigatoriamente, o melhor, mas tão importante e relativo como todos os outros meios.

Educação é um fim que se realiza na pluralidade e na aprendizagem, permanentes.

Não sei se respondi a sua provocação, prezada Inês Inxs, mas me permitiu pensar alto e grande. Tomara que utilmente também. Obrigado e forte abraço."


Tião Rocha (de chapéu na foto) é Antropólogo (por formação acadêmica), educador popular (por opção política), folclorista (por necessidade) e mineiro (por sorte). Fundador e atual presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento - CPCD, organização não governamental sem fins lucrativos, criada em 1984, em Belo Horizonte/MG.

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